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"Eu vou prá Maracangalha Eu vou! Eu vou de liforme branco Eu vou! Eu vou de chapéu de palha Eu vou! Eu vou convidar Anália Eu vou! Se Anália não quiser ir Eu vou só! Eu vou só! Eu vou só! Se Anália não quiser ir Eu vou só! Eu vou só! Eu vou só sem Anália Mas eu vou!".
Nada melhor do que um feriado tranquilo, dormir até mais tarde, repor as energias, sem aquelas correrias do dia-a-dia, sem aquelas pressões no trabalho. Para quem tem essa chance, meus parabéns! Contudo esse feriado específico está muito longe de ser de descanso para este velho, cansado e pobre barnabé. Minha casa se tornou uma espécie de central do Brasil, com hospital, misturado com igreja, com pára-raios, com INSS, com restaurante, pousada, creche, zoológico e tudo o mais que uma grande metrópole possa proporcionar aos seus moradores, com uma diferença, aqui não precisa do uso de vale-transporte, nem de vale-refeição.
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Afinal a vida toda foi assim, porém de 27.000 em 27.000 anos há um alinhamento das constelações bem no centro da galáxia, e isso foi acontecer justamente no dia de hoje. Fui premiado. Logo de manhãzinha, ainda de madrugada, antes até mesmo do sol dar os seus primeiros brilhos no horizonte, fui sumariamente expulso de minha macia e confortável cama. Meus olhos ainda estavam ardendo de tanto sono, deveriam estar bem vermelhos, nem queriam abrir direito, até pensei que se tratava de conjutivite. A minha cachorra, estava passando mal, meu pai que é na verdade dono dela, acordou para ir ao banheiro e viu poças e poças de sangue pelo pátio e resolveu me chamar, logo no dia de meu descanso e ainda por cima muito cedo. Lá fui eu ver o que era. Dei uma olhada de longe, e o diagnóstico já estava dado, menstruação, a puxuca estava menstruada. Isso é normal pai eu disse a ele.
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Agora vamos dormir que isso manhã passará. Voltei para cama. Um pouco mais de 20 minutos se passaram e o telefone não pára de berrar lá na sala, mesmo com o barulho do condicionador de ar, não se consegue dormir, pois o som é bem alto. Fiz de conta que não ouvia, aquele telefone tocou uma n-vezes até que caiu a ligação. Continuei dormindo, ou pelo menos tentando dormir. E o maldito telefone toca novamente. Lá vou eu. É a senhora Gabriela, da Oi, quer me oferecer um plano mais econômico de minha linha telefônica. - Olha aqui minha senhora, deixa eu te dizer uma coisa, resmunguei com a coitada que estava lá do outro lado da linha, semana passada eu fiz esse outro plano que a senhora quer me vender, então agora eu vou esperar até a próxima fatura para ver se esse plano deu ou não deu certo.
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- É que com esse plano que eu estou lhe oferecendo a sua conta cairá de R$240,00 para R$229,50! Que palhaçada é essa? Pensei. Bati o telefone na cara daquela otária. E corri para a cama para dormir mais um pouquinho, a essa altura o sol já havia saído. E logo pela manhã eu teria que levar meu pai ao hospital para tomar uma vacina, lá pelas 10 horas. Ainda eram 08 horas, e considerando que daqui de casa ao hospital eu faço em 05 minutos o trajeto, então calculei que poderia ficar na cama até às 09:45 horas. A porra do telefone toca novamente, eu tinha me esquecido de tirá-lo do gancho ou de desconectá-lo. Desta vez foi a minha esposa atender, pois falei para ela que deveria ser o seu pai. Não era. Era a minha filha que viria me visitar com meu neto e que eu não via há uma semana, mais ou menos. Tá bom! Pensei. Quando ela chegar, eu saio da cama. - Mas Helio, ela já chegou! Está aí! Que benção! Pensei novamente.
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Disse para minha esposa passar o recado de que já iria me levantar, com isso talvez eu ganhasse mais alguns minutos preciosos na cama, mas não deu nem para encerrar esse meu pensamento, que meu pai bateu na porta de meu quarto, tão forte que o barulho era de um trovão, parecia mais esses mísseis israelenses caindo na Faixa de Gaza. - Olha, hoje tem meu médico, acorda Helinho! Não tive outra alternativa se não a de me levantar, e me encaminhar para o chuveiro. Nem bem sai do meu quarto, e vem minha filha me dar o "bom dia"! - Que cara é essa pai, parece que o senhor está com sono? - Não, lógico que não! Eu estou acostumado a acordar cedo! - Cedo que nada pai, já passam das 09 horas! - Vamos tomar café, depois eu lavo o meu rosto! E lá fomos todos. Minha esposa estava brincando com o meu neto, e tinha esquecido de fazer meus ovos fritos, tive que pedir esse favor! Mas tudo bem, fez três e eu só comi dois.
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Havia ainda uma pizza da noite anterior e um refrigerante. Depois de todo mundo satisfeito. - Vou lá no médico levar o pai, já volto. Chegando no médico, fui me sentar na sala de espera, enquanto meu pai fazia o check-in com a secretária, depois foi ao banheiro e se não como ele se trancou lá dentro, ficou mais de hora, dando chutes na porta e nós do lado de fora ajudando, passando as coordenadas, até que finalmente a porta se abriu. Lá foi ele para tomar a vacina, que dessa vez deu errado. Mas após a aplicação voltamos para casa. Perto da hora da bóia. Ao chegar minha filha sugeriu fazer churrasco. Os carros que atrapalhava a circulação em frente a churrasqueira foram retirados. O fogo foi feito, carvão, tudo ok. Mas a carne que tiraram da geladeira estava congelada.
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Então eu disse para minha esposa vou lá no mercado comprar uns dois ou três quilos de carne. - Não amor! Me disse ela, que quando fala "amor" não significa exatamente amor. - O meu filho e minha nora vem almoçar aqui, acabaram de ligar. A minha nora está passando muito mal, então ele a trará aqui para levá-la ao hospital. tem que comprar mais uns 05 ou 06 quilos de carne. Minha nossa! Tudo isso? - Ah, e não esqueça dos refrigerantes, viu! Eles gostam muito de refrigerantes! Mais isso ou aquilo que diferença faz? O certo é que o meu feriado foi para o beléleu mesmo. Então resolvem fazer a carne na panela mesmo. Fogo que já estava acesso, agora é apagado. Ligo a TV enquanto isso, para algum programa divertido, mas parece que "diversão" é o que eles estão fazendo comigo.
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Chega os últimos "convidados", minha esposa fica feliz. Em cinco minutos já vem um outro daqueles: - "amor!" - O que foi dessa vez? Perguntei. - Faltou gás! Enquanto isso meu netinho ia se desvencilhando de suas roupas, fraldas, meias, chinelos etc. Tranquei-me em meu quarto, em meu refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas minhas atribulações! Chorei, chorei, chorei. Resolvi escrever minhas angústias nessas poucas linhas, de vez em quando minha esposa vem conferir para ver o que eu estou escrevendo para que possa, ela, mudar o rumo ou o sentido das coisas, o que teria êxito, caso essas escritas não existissem. Almoço pronto. Todos a seus postos. Liberados do vale-refeição, a gastronomia é de dar inveja a qualquer restaurante de cinco estrelas. Diversas massas, carnes, saladas, maioneses, sucos, refrigerantes etc.
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Os assuntos sempre os mesmos. Suicídios, namoros que vão e voltam, casamentos que fazem e se desfazem. Uma alegria só! Caramba! Nunca vi tanta alegria desde a perseguição aos membros da SS nazista. Bem no meio do almoço, a nora de minha esposa começou a passar mal, e como não dava para ir de moto, tal como tinha vindo até aqui, tive que levá-la de carro ao hospital mais próximo. Ao chegar em casa, eu que sempre gostei e gosto de tirar uma siesta, me deitei na cama, fechei os olhos e ouvi aquele choro estridente de criança a me estuprar meus ouvidos. Daí veio-me à cabeça a música que dá título a essa postagem, Maracangalha que fica em algum lugar perto de São Sebastião do Passé, na Bahia.
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Eu vou descobrir certinho onde fica a Maracangalha, eu vou só, mas eu vou! Estou terminando essa postagem enclausurado no meu quarto, bocejando muito, quero ir ao banheiro mas sei que se eu ousar em sair por aquela porta talvez eu nunca consiga voltar, então o certo é me aliviar dentro da garrafa PET que está embaixo da cama. Até a próxima postagem!
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