ANOS DOURADOS, ONDE ESTÃO?

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Sempre pensei no futuro, no próximo passo, no dia de amanhã, não que fiquei noites sem dormir, preocupado, nada disso. Mas se a estabilidade foi atingida, não foi por acaso, em primeiro lugar, Deus, sem ele disso poderia ser feito, em segundo lugar essa visão de vanguarda, de fazer algo mais do que os outros fazem, para chegar a lugares que outros nunca chegaram. Mas com o passar da idade comecei a pensar também nos dias de outrora. Hoje em dia ainda estou estudando pensando agora na minha aposentadoria, mas não deixo de viver o presente me preocupando com isso. 

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Todavia, alguns filmes e músicas  de tempos ainda mesmo antes de meu nascimento, me reporta ao passado. Parece que foi ontem! 1º de março de 1964, parece que foi ontem. Nas vésperas de completar 49 anos, o saudosismo começa a tomar conta de mim.Anos dourados. Anos dourados. Onde foi mesmo que eu vi sobre isso? As coisas da vida quando nos são apresentadas e estamos em idade sem compromisso, sem responsabilidade, nada chama atenção. Mas lá na frente, quando a idade da razão chega, parece perturbar a nossa mente em tentar buscar pela memória  aquilo que em uma parte de nossa vida não demos muito valor, não demos  muita importância, mas que agora nos faz uma falta danada de resgatá-la. Anos dourados. Anos 50! Não vivi essa época.

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Mas sinto saudades de um tempo em que não vivi. Anos dourados! Onde estão? Por que o tempo tem que passar? Por que não pode ser tudo como em uma foto. Ali fica congelado para sempre o melhor momento de nossas vidas. Sei que quem ler essas linhas e for daquele tempo irá entender o que quero dizer. Tenho inveja de vocês que viveram aqueles áureos tempos, dos anos dourados. Anos de alegria, de profundo amor, de confronto com governos militares, dos bares após as faculdades, do Dia do Pendura, do carro que não pegava embaixo da chuva, e todos descendo para empurrá-lo, após entrávamos no carro todos rindo, das festas, dos namoros escondidos, dos bilhetes deixados nas folhas dos cadernos das meninas e que nunca foram respondidos, das brincadeiras de esconde-esconde.

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Aqueles tempos nunca, jamais voltarão! Não que a vida tenha se acabado, não é isso. E muito mais profundo! É algo que ficou lá registrado em algum lugar do passado. Saudades de quando corríamos para perto de nossa mãe procurando abrigo, uma segurança, de quando corríamos para não tomar um remédio, uma vacina, de quando chegávamos do colégio com aquela fome toda, e a comida gostosa da mãe estava lá mesa nos esperando com um sorriso estampado no rosto, dos dias de domingo quando íamos para a casa da vó, dos namoricos proibidos com as primas, pois bastava a gente se olhar que lá vinham as mães dizer que primos não podiam se namorar pois os filhos nasceriam tortos. 

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Saudades quando matávamos as aulas no ginásio, dos jogos de botões. Saudades do Batista, do Édi, do Cabeção, do Marcelão, do Teca, do Bozó, dos falecidos seu Mauro e da Dona Gessy. Saudades de Belém Novo, de Porto Alegre-RS. Saudades da Rua da Praia. Saudades dos cinemas Imperial e Cacique. Saudades do cachorro quente do Rosário, da Galeria do Rosário. Saudades do Hipo Incosul. Saudades dos Supermercado Real. e Zaffari. Saudades da Varig. Saudades do Beira-Rio e do Olímpico. Saudades daqueles tempos de levar um não da menina de nossos sonhos. Saudades da Folha da Manhã, Folha da Tarde, Correio do Povo e da Zero Hora. Saudades da PUC-RS, da UFRGS, da Unisinos, dos ônibus da Central,. Saudades do Rio Guaíba, do Morro do Veludo, da Fazenda do Arado.  Saudades dos toca-discos, dos LPs. 

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Eu daria tudo para viver cada momento daqueles dias novamente. Por que tem que ser assim desse jeito? Hoje não temos mais para quem correr. Hoje são as outras pessoas que correm para nós. Cada um de nós, não importa a idade, mais cedo ou mais tarde, terá esse mesmo pensamento que eu estou tendo. Por mais alegre que sejamos, por mais dinheiro que temos, por mais amor que temos hoje, nada disso supera aqueles tempos de nossas tenras idades. 

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Enquanto estou escrevendo essas linhas, estou também ouvindo a música de Tom e Chico Buarque, Anos Dourados, apesar da letra ser muito bonita, me leva de volta àqueles velhos e bons tempos, me faz voar novamente por entre aquelas cenas que de alguma forma ficaram gravadas para sempre em minha memória. É como se fosse um vídeo clip de minha vida. É como se eu não estivesse aqui agora, neste exato momento. É como se a música fosse um combustível capaz de nos transportar no tempo. Tenho enfim saudades disso tudo. E fica a pergunta: - Anos dourados, onde estão? Até a próxima postagem!