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Nos últimos dias não postei nada em virtude de estar acompanhando meu pai que ficou internado no hospital. Ainda em Canoas-RS, há alguns meses atrás, quando sentia algumas dores no baixo ventre, ele se submeteu a exames médicos e foi constatado a existência de um tumor na bexiga. Apesar dos 90 anos de idade ele não parece se abalar com isso, ou talvez não tenha entendido a gravidade do problema. Com a morte de minha mãe, ele veio morar comigo em Ji-Paraná-RO. No tratamento iniciado lá no Sul, ele teria que tomar uma vacina, sendo no primeiro mês, uma aplicação por semana, e após isso, mais seis meses sendo uma aplicação por mês. Quando chegou aqui faltavam 04 aplicações. A primeira aplicação que recebeu, em outubro/2012, uma BCG intra-vesical via uretra, o deixou, algumas horas depois, sem força para nada e indisposto.
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A vacina é bem forte pelo jeito. Além disso, tudo que ele comia não parava no seu estômago. Isso durou três dias. Após o quê, voltou a ser alegre como antes, e bem disposto. Já na segunda (última) aplicação em novembro/2012, algo deu errado. Na hora de injetar a vacina saiu sangue, e o procedimento continuou até o fim. Pela noite urinou muito sangue e não podia se locomover direito. Ficou com vergonha de mim e não me deixou nem mesmo chegar perto, ao passo que eu não podia ver qual a extensão do problema. Na manhã seguinte o sangue parece haver sido estancado. Mas ele não segurava a urina. Fomos para o hospital. Havia algo errado. Muito errado. Meu pai não falava muito sobre os procedimentos adotados pelo médico lá do sul, mas com esse quadro tenebroso resolveu dar algumas informações adicionais. Quando lá no sul isso aconteceu, de sangrar na hora da aplicação da BCG, o médico abortou o procedimento, parando na mesma hora, e colocando fora a vacina que vinha de São Paulo ou Goiás.
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Ficamos por quatro dias no hospital. Ele ficava olhando e contando quantas gotinhas de soro caíam em um minuto, e por muitas vezes, me fez ir até a enfermeira para dizer que não estava caindo mais a gota, o que deixava as enfermeiras sem graça, pois elas diziam que cumpriam ordens do médico e que as gotinhas estavam caindo sim, no tempo exato em que deveriam cair, o que foi comprovado por mim. Não se consegue dormir no hospital. De 10 em 10 minutos entra uma enfermeira para aplicar mais uma injeção, dar um remédio via oral ou trocar o saquinho de soro que está vazio. Havia um quadro infeccioso, mas com muita medicação, soro, injeções foi sendo controlada a infecção. Ganhou alta. Fomos para casa. Mas o seu quadro não era dos melhores. Em casa não conseguia se alimentar, só dormia, e se levantava com muito custo.
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A fraqueza tomou conta dele, e não havendo outro jeito lá fomos nós outra vez para o hospital. Ele caminhava com muita dificuldade. Até pensei em pegar uma cadeira de rodas, mas ele rejeitou de imediato, e chegou caminhando no consultório do médico. Mas antes disso ele tinha perdido a sua carteira com dinheiro e documentos dentro de casa, mas não sabia onde estava por mais que tentasse se lembrar onde colocara. O hospital foi muito atencioso em atendê-lo mesmo sem a carteirinha do plano de saúde. Mas muitos exames seriam feitos e se precisaria da carteirinha mais cedo ou mais tarde. Ele queria que eu registrasse uma ocorrência na Polícia Civil, e que cancelasse as contas nos bancos. Nada disso eu fiz. Enquanto estava sendo medicado fomos para casa eu e minha esposa, e colocamos de pernas para o ar o quarto dele
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Finalmente encontramos a carteira, depois de tudo revirado, verificamos que a carteira estava dentro de uma bolsa vazia em um fundo falso! Quando cheguei no hospital novamente com a sua carteira, antes mesmo de falar que eu havia encontrado, ele me disse que a carteira estava dentro da dita bolsa em um fundo falso. Parece coisa de criança! A primeira noite no hospital, nesta segunda vez, tudo foi muito diferente. Em dada oportunidade ele queria ir ao banheiro, mas por incrível que possa parecer não conseguia ficar em pé. Então peguei-o nos braços e levei-o até ao banheiro, onde ele fez suas necessidades. Terminado levei-o de volta para cama. Dali há pouco tempo novamente queria ao banheiro. Mas desta vez não conseguiu nem mesmo se mexer, nem ficar sentado na cama. Corri para enfermeira e solicitei o tal de "papagaio" para que ele pudesse urinar em cima da cama mesmo.
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Ele ficou com muita vergonha de mim, me pediu desculpas, mas não tinha jeito, desta vez haveria a inversão dos papéis. Quando ele chegou em casa, no dia em que fui dado para minha mãe, com algumas horas de vida, ele pegou minha mãozinha e disse: - Amiguinho até que a morte separe! Essa visão me veio a mente nessa hora. Um dia se passou e mais outro. E, parece que quanto mais medicamento ele vai tomando, mais vai ficando fraco. Minha esposa que havia conversado com um médico, me disse, quando estávamos sós, que meu pai tinha uma doença muito mais grave do que eu pensava, e que esse procedimento tratava-se na verdade de quimioterapia para combater o câncer instalado na bexiga do meu pai e que após pesquisa, ficou sabendo que as dores nas costas era já sintoma dessa doença maligna, e que as vacinas eram para que a tal doença não avançasse 100% mas somente 80%.
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Ele começou a gemer de dor nas costas, e disse que jamais acreditaria que isso um dia fosse acontecer com ele. Então comecei a chorar, a berrar, não queria que meu pai morresse ali, bem na minha frente. Eu mesmo não podia acreditar no que estava ocorrendo, pois há pouco mais de dois meses ele veio dirigindo de Capão da Canoa-RS até parte do Estado do Paraná, mas depois que aqui chegou, colocou o carro na garagem e disse que já não era mais o mesmo, e que não iria dirigir mais. Isso foi muito rápido, essa alteração de seu estado. Ele tremia muito do alto da cabeça até a ponta dos pés, e teve uma hora que não conseguiu conter mais e se urinou todo na cama. Tive que trocá-lo, inclusive a roupa de cama, com muita dificuldade pois ele não conseguia ajudar em ficar sentado pelo menos. A sua pressão saltou de 12x8 para mais de 19!
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A enfermeira imediatamente colocou um comprimido embaixo de sua língua, o que fez com que ele urinasse mais ainda. Então tivemos alguns minutos de rara tranquilidade. Estava só eu e ele. Veio-me uma vontade muito forte de orar, de pedir a Jesus para que amenizasse o sofrimento de meu pai. Agora só restava eu e ele, pois a minha mãe faleceu no ano passado. Na minha mente houve a lembrança de algumas passagens bíblicas em que Jesus falava: - Homens de pouca fé! e, - A tua fé te salvou! Levantei-me do sofá que estava ao lado de sua cama, e em pé, impus minhas mãos sobre ele e comecei a orar. Pedi para que Nosso Senhor Jesus Cristo livrasse o meu pai de todo sofrimento, de toda dor e que ele pudesse ao menos voltar a ter forças para se sentar na cama. Após, voltei para o meu sofá, nada confortável, em comparação com a minha macia cama. Havia três dias que não dormia direito.
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Pela manhã, antes mesmo do café, meu pai se colocou sentado na beira da cama! - Aonde o senhor pensa que vai? Perguntei a ele. - Eu vou é urinar no banheiro, não quero mais fazer em cima da cama! E para minha grande surpresa, ele nem mesmo quis a minha ajuda, apesar de estar um pouco tonto, devido ao excessivo tempo em que permaneceu deitado. Durante o outro dia tivemos que fazer uma bateria de exames em vários lugares diferentes e mesmo ele, sem ter tomado café, pois tinha que fazer os exames de estômago vazio, conseguia caminhar com as próprias pernas sem minha ajuda. Orei novamente. Desta vez para agradecer a Deus a benção recebida. Pode parecer muito pouco para algumas pessoas incrédulas, mas, mais do que suficiente para mim. No final do dia recebemos visitas de colegas de trabalho no hospital. Até visitei a mãe de meu padrinho de casamento que também estava hospitalizada no mesmo lugar.
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Na manhã seguinte ele ganhava alta, faltando ainda a realização de outro exame com outro médico. Aliás, de médico eu mesmo perdi a conta, foi clínico-geral, urologista, gastroenterologista, oncologista e outros que não me recordo direito. Estamos em casa finalmente, mas apesar de estar tomando remédio para abrir o apetite (tendo sido ministrado como refeição principal, somente sopa), ele ainda está muito sonolento, na cama. O pior é que no final da semana é o dia de receber mais uma dose da vacina BCG. Um especialista me aconselhou que como o procedimento foi iniciado então é bom tomar essas duas últimas vacinas e terminar logo esse sofrimento, sendo que foi solicitado um exame específico para ver se a doença regrediu ou está controlada. Em Ji-Paraná-RO são poucos os profissionais que fazem esse último exame, alguns estão chegando das férias e estão com agendas lotadas, não sendo possível fazer esse exame por aqui, tendo então que ir buscar realizá-lo em outro município, talvez em Porto Velho-RO, mas e a viagem? É como diz o velho ditado: - Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come! De qualquer forma, não há nada neste mundo tão poderoso quanto o poder da oração e da fé, somente nesses horas, nesses momentos mais difíceis na vida é que vemos o quão bom e misericordioso é Jesus. Até a próxima postagem!
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