Aqui haverá postagens interessantes sobre vários assuntos, alguns é claro, polêmicos, para provocar debates. Obrigado pela visita, tenha uma agradável leitura! Obs. Desaconselhável para menores de 16 anos, por conter palavras inapropriadas e/ou temas adultos!



WEB

terça-feira, 20 de março de 2012

FILHOS MALDITOS!!!!



Os filhos deveriam ser uma benção, eu disse deveriam, pois na verdade, em alguns casos, não passam de maldição!!! O fato que irei narrar agora,  passou-se no interior da longínqua Minas Gerais nos anos 90. Vou utilizar nomes e lugares fictícios para evitar possível comparação com fatos e pessoas reais.




A família do seu Alcides Mossim, era composta de sua mulher, dona Eva Mossim, e mais  04 filhos, Maria Mossim a mais velha, Isadora Mossim e Inês Mossim irmãs gêmeas e do Getúlio Mossim o mais novo. Eles moravam em uma fazenda no interior de Minas Gerais. O pai de seu Alcides tinha lhe ensinado a lida na fazenda, desde de manhãzinha às 04h30min ou 05h, já estavam de pé, preparando o café para sair para a labuta.



 A mesa do café da manhã era farto quando se tinha visitas por lá, mas de qualquer forma todos os outros dias não deixava por menos, era  café com  leite fresco tirado na hora, vindo da primeira ordenha, queijo produzido na própria fazenda, torresmo, ovo frito feito na banha de porco, pão-de-queijo, pão feito em casa, churisco, coalhada, morcela etc, podia-se se dizer que a fazenda era autosuficiente, tinha-se de tudo lá, poucas coisas eram adquiridas ou compradas na cidade.




Seu Alcides acompanhava seu pai todos os santos dias. Cresceu fazendo isso. Seu pai era viúvo,  ele não ia a médicos, tinha uma saúde de ferro, e a primeira mazela que teve foi o suficiente para levá-lo embora desta vida para sempre. 





Seu Alcides então casou com a filha de um empregado de seu pai. Eram felizes. Seu Alcides nunca estudou, mas tinha o tino comercial para as coisas. A fazenda passou a produzir queijo que ele mesmo dizia ser o verdadeiro queijo mineiro, em escala comercial. Logo vieram os filhos de seu Alcides, primeiro veio Maria de um parto normal, sem maiores problemas, tendo sido feito o parto em casa mesmo com uma parteira conhecida daquela região.





Seu Alcides bem que esperava um menino, como primeiro filho,  mas foi abençoado com uma linda menina!  Dois anos se passaram e vieram mais duas meninas, desta vez gêmeas, o parto não foi tranquilo, desde o início da gravidez, dona Eva passava mal sentindo dores de cabeça, enjôos etc. Teve que ir pela primeira vez para a cidade, Belo Horizonte-MG, onde teve suas filhas. Após cinco anos veio finalmente o primeiro filho de seu Alcides, sendo que ele mesmo mandou fechar a fábrica, dona Eva fez laqueadura para não ter mais filhos. Quatro filhos estava de bom tamanho. Maria era daquela filha que tudo está bom para ela, não reclamava de nada, realizava os afazeres domésticos, cuidava dos outros irmãos e ainda quando sobrava um tempinho lá estava ela ajudando o seu pai. O tempo foi passando.


As gêmeas Isadora e Inês e o Getúlio resolveram que era hora de deixar a fazenda e se estabelecerem na cidade, e lá foram eles. Eles nunca ajudaram o seu Alcides nos afazeres da fazenda, ao contrário de Maria, que ainda encontrava tempo para aliviar a carga de trabalho do seu pai. Os três dissidentes exigiram que o seu Alcides alugasse uma casa para eles, bancasse os estudos, alimentação, vestuário e etc.  Seu Alcides em uma conversa reservada com dona Eva, decidiu concordar em atender as exigências de seus filhos, mesmo que aquilo comprometesse o sustento da própria fazenda e ficasse um pouco a desejar, pois seu Alcides tinha muitas cabeças de gado, e havia toda uma infraestrutura já montada para dar cobertura as despesas do dia-a-dia, sal, vacinas, reparos de currais, de cercas, adubos, pois existia uma horta também ali, e etc.




As despesas foram aumentando e o seu Alcides solicitou a seus filhos que o ajudasse. Eles preferiam morrer do que ajudar os seus pais. Então  eles finalmente encontraram o seu lugar, sendo que os três se casaram, e por birra, não convidaram nem os seus pais e nem a irmã Maria para o casamento. Com o casamento automaticamente cessou a ajuda de seu Alcides. Eles tinham trocado de endereço, mas não comunicaram ao seu Alcides onde era. Tiveram filhos, mas também não foram mostrar aos avós. Maria continuava ainda ao lado de seu Alcides e de dona Eva. O desgosto pela vida, em ter os filhos que teve, com exceção de Maria, causou estragos na vida de seu Alcides.





Sua saúde não andava bem. Quando eles tocavam no assunto de seus filhos da cidade, mesmo ele afirmando que não queria saber deles também, por dentro, ele não podia se deixar enganar, duas lágrimas rolavam de seus olhos, enquanto seu olhar fixo se voltava para um lugar vazio no horizonte, e ficava pensativo. Como será meus netos? Qual será o rostinho deles? Será que meus filhos precisam de alguma coisa?



Por que não me visitam ou ao menos entrem em contato com a gente para dizer se está tudo bem? O que eu fiz para eles para me tratarem desse modo? Por acaso algum dia eu maltratei eles? Deixei de dar amor, carinho? A depressão tomou conta de seu Alcides, dois meses depois ele veio a falecer.  A notícia se espalhou, correu feito um pé-de-vento, e finalmente chegou aos ouvidos daqueles filhos da cidade.





Dona Eva agora tinha que tocar a fazenda sozinha, ela e sua filha Maria. Maria não se casou, mesmo tendo um peão meio ajeitado de olho nela. Mais um tempo se passou. Dona Eva agora com mais de 70 anos, começou a ter umas tremedeiras, medicada o seu médico lhe receitou vários remédios que deveriam ser ministrados diariamente, para que não evoluisse o mal de Alzheimer. Sua memória andava meio cansada, mas ainda tinha muita lucidez.






 Nessa época, os filhos da cidade resolveram se reaproximar de dona Eva, como uma serpente, a espera da presa ficar no ponto ideal para então dar o bote final. Dona Eva não pensou duas vezes, finalmente após longos 20 anos finalmente iria novamente rever os seus filhos, como seriam, qual seriam os seus rostos? E os netos? Quanta felicidade passou pela cabeça de dona Eva. Maria foi mais relutante, e não queria deixar sua mãe ir para a cidade visitar, mesmo que fosse  somente por uns dias, os irmãos de lá. Maria ficou na fazenda, enquanto sua mãe pegou o ônibus que a levaria para a cidade. A poeira levantada pelos pneus do ônibus iam subindo ao longe, enquanto Maria ficava aos prantos, sozinha na fazenda, tomando conta de tudo. Maria nunca arredara os seus pés de perto de seus pais.






Na chegada na cidade dona Eva, até que foi bem recebida pelos filhos, muitos abraços, muitas lágrimas, dona Eva finalmente via os seus netinhos de perto, para os quais tinha trazido um presentinho para cada um deles, como ela não sabia quantos eram, aconteceu que sobrou presentes  para aquela criançada, eram 07 no total. Mas logo ao chegar em casa, dona Eva viu que, as coisas não seriam bem como ela estava tentando acreditar que fosse.




O quarto reservado para ela mais parecia um chiqueiro tamanha a bagunça, a desculpa era que como eles trabalhavam fora, não tinham tempo para arrumar a casa, e com o pouco salário, também não podiam contratar uma empregada doméstica. Então dona Eva se sentiu na obrigação de ajudar seus filhos. Na casa de seu filho arrumava tudo como se na fazenda estivesse. De manhã ela era a primeira a acordar e já deixava  a mesa posta do café da manhã, que após eles irem para o trabalho, ela, dona Eva fazia o almoço, limpava a casa, lavava e passava as roupas, então os outros filhos com esse mesmo pretexto  levavam suas roupas para que dona Eva lavasse e passasse também a roupa de todos eles, isso todos os dias.



A rotina parecia não ter mais fim, ainda mais com a idade avançada de dona Eva. Quanto aos seus remédios os filhos trataram de não mais lhe ministrar. - Meu remédio acabou Getúlio, você compra para a mãe? - Você não sabe que o dinheiro aqui tá curto? E a fazenda? Não vai me dizer que lá não tem dinheiro? E aconteceu de dona Eva começar com as tremedeiras novamente, causadas e agora acentuadas pela falta dos medicamentos.




Dona Eva, que também tinha uma saúde de ferro, tal qual o seu Alcides, nunca tinha ido ao médico, a não ser para fazer os partos, começou também a não dizer coisa com coisa, a falta de um dos remédios também lhe começava a causar a esclerose. Maria não sabia o endereço de seus irmãos, mas tinha o número do telefone celular deles. Já havia quase um ano  que dona Eva estava presa com aqueles filhos da cidade. Maria ligava, mas eles não atendiam.



Até que um dia Maria conseguiu que eles atendessem sua chamada e solicitou o imediato retorno de sua mãe para a fazenda, pois já beirava os doze meses daquela visita, e que eles talvez não cuidasse de sua mãe tão bem quanto ela. Maria estava absolutamente certa. Os filhos da cidade então se preparam para o bote. Entraram na Justiça Comum com uma Ação de Interdição com pedido de tutela antecipada, pois a Dona Eva, com a idade avançada, estava biruta, assim chamavam ela, e não tinha mais condições de gerir os seus próprios bens.




 Em audiência, na frente do senhor Juiz, ao ser perguntada se os seus filhos lhe tratavam bem, ela disse que sim, mas estava com muita saudade de sua casa, ela queria só voltar para lá, para tratar dos bichos, da horta. O Juiz, que levou ao pé-da-letra, o ditado que diz que deve-se julgar com isenção de ânimo, julgou procedente a ação, também tendo isenção do bom senso, isenção da razão etc, etc, etc... Agora  a vida de dona Eva está nas mãos de seus malditos filhos!!! Essa é uma história de ficção, qualquer  semelhança com fatos ou pessoas terá sido mera coincidência.

Uma das minhas primeiras postagens escrevi sobre o futuro dos idosos com relação aos nossos filhos:
http://heliosilvars.blogspot.com.br/2011/11/quem-cuidara-dos-idosos.html
Até a próxima postagem!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário