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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

SOLIDÃO E REJEIÇÃO SÃO PRIMAS IRMÃS!



Fui adotado ainda recém nascido. Fato que me foi encoberto por mais de 40 anos. Minha mãe adotiva faleceu em setembro deste ano, e levou consigo o segredo de onde eu vim. A origem do sentimento de rejeição pela minha mãe biológica por mim, não me é conhecida, posso simplesmente fazer algumas especulações.

Não sei se fui rejeitado, ainda no ventre materno, ou se fui sequestrado, ou se fui vendido, quem sabe tentaram me abortar? Não sei, tudo é possível! O que sei é que eu me encontro aqui escrevendo essas linhas e isso  é importante. Mas, de uma forma ou outra, creio  ser um direito meu sim, o de saber qual a minha origem, afinal do contas de onde eu vim? Quem foi minha mãe? Por que motivo eu fui adotado? Durante a vida toda tive esse sentimento encrustado em minhas veias, o da rejeição. Ainda adolescente, enquanto todos os meus amigos tinham namoradas, eu continuava sem ninguém, meu primeiro beijo foi com 20 anos!!! Muito tarde para os padrões da época.




No colégio  tentava falar com alguma menina, mas quando elas sentiam que eu queria namoro, elas se esquivavam. Sentia como se elas usassem uma metralhadora, era não, não, não, não, não, e não, isso no colégio. Na Vila onde morávamos era a mesma coisa. Lembro-me que aos sábados, sentávamos na calçada, em frente a pracinha do Grupo, em Belém Novo, e ficávamos conversando, eu e meus amigos, sobre futebol e meninas. Então passava uma e um desses amigos dizia: - Essa eu vou namorar! E dali há poucos dias estava passeando com ela, no outro sábado outro amigo fazia a mesma coisa e assim sucessivamente. Sabe um pintinho, que presta atenção na galinha, para ver como ela come, ciscando e bicando o chão, e daí ele faz a mesma coisa, e começa a obter sucesso ao se alimentar? Pois é, eu via eles tendo certa atitude, então nada mais lógico do que imitar os passos deles, mas a coisa não se dava na mesma proporção que eles.



Quando trabalhava na Febem havia muitas estagiárias, então cheguei em uma que era do nosso setor, e perguntei se ela não queria sair comigo, tomar um sorvete, ir a um cinema, passear no Shopping Praia de Belas, mas a resposta era sempre a mesma não, não, não, não.



Para minha supresa, um colega bem mais velho que eu, após algumas semanas, convidou a mesma menina para sair, isso na minha frente e ela nem pensou duas vezes, detalhe, eu era solteiro, ele era casado. Na Unisinos, também durante todo o período em que fiz Administração, quando tentava chegar perto em alguma menina, a resposta era o já conhecido,  não, não, não, não. 



Ninguém queria nada comigo eu estava em depressão.


Outros parentes e vizinhos queriam me ajudar, e cada vez que tentavam me ajudar com seus conselhos, mais ainda eu me afundava, pois um era velho e dizia que pegava qualquer uma que quisesse, outro era enorme de tão gordo, e dizia que tinha nada mais, nada menos do que três namoradas ao mesmo tempo, sem nenhuma saber da outra.



Então isso me colocava mais para baixo ainda. Por que será que isso acontecia? Parece que havia uma mensagem escrita em minha testa dizendo: - Não chegue perto esse tem AIDS! ou - Não chegue perto esse é tarado!



Os estudos sempre foram a minha válvula de escape. Foi nele que encontrei a fuga para justificar para as outras pessoas quando me perguntavam se eu tinha namorada, eu respondia que não, não tinha namorada, pois queria terminar  meus estudos primeiro. Sei que quem ler essas linhas pode estar pensando nesse momento que aí está a resposta, eu dizia que não queria nada de namoro por causa dos estudos, e por isso não aparecia ninguém. Olha, até parece que é assim! Se alguém hoje, que não seja eu, mencione para uma menina que só pensa nos estudos, eu troco o meu nome se ela não insistir para namorá-la. Mas comigo era diferente.  Após 17 anos anos de casamento houve o meu divórcio. Daí após o divórcio, começou novamente a existir em minha vida esse sentimento de rejeição. Saía do trabalho e ia para o meu aprtamento, isso um dia, dois, três, uma semana, o primeiro mês, o segundo, eu sou família, e estava sozinho, chegava ao apartamento, tomava banho, me deitava na cama, e ligava a televisão essa era a minha rotina. Daí comecei a tentar ver como me sairia agora com mais de 40 anos, se ainda persistia aquela nuvem negra, tipo tempestade, sobre minha cabeça.



E, não deu outra, mesmo agora estando em Rondônia, não mais no Rio Grande do Sul, mas parecia que as mulheres de lá tinham entrado em contato com as mulheres daqui, para que essas também  começassem a me negar, a me rejeitar, e começou novamente um interminável festival de nãos.



Teve um dia que eu saí com meu carro, para dar uma volta a Jaru-RO, lá tem um balneário chamado Primavera, antes passei em um posto de gasolina em Ouro Preto do Oeste-RO, lá após abastecer o carro, veio a frentista, paguei, e perguntei a ela quando ela saíria, ela me disse que sairia um pouco depois, então perguntei se não queria sair comigo, ela me responde que não dava, pois teria que lavar roupa etc. Eu insistia, mas eu te ajudo a lavar: Daí ela me descartava de uma vez por todas; - Ah! Hoje não tá, fica para outra vez! Só que essa outra vez nunca chegou, e eu sempre ia dormir na esperança que no próximo fim de semana as coisas seriam diferentes, mas não, a decepção só aumentava.



Então segui viagem para Jaru-RO, estava muito calor, creio que uns 40 graus ao sol, e quando passava bem no meio da ponte de Jaru-RO, ia passando uma loirosa, muito bonita, então encostei o carro, e disse, vamos dar uma volta? Ela respondeu: - Não obrigada! Mas está muito calor menina, o carro tem condicionador de ar, aqui é melhor, onde você quiser ir eu te levo.



Mas a resposta continuou a mesma. Daí fui em frente, ao olhar pelo retrovisor, vi ter chegado nela, um cara de bicicleta, chinelo de dedo e acho que tinha até unha encravada e levou ela na garupa. Pensei, que concorrência, meu Deus, eu de carro, com estudo, bom emprego, não consigo nada. Esses manés, de bicicleta, chinelo de dedo, unha encravada chega e leva. Mas que pôrra é essa? Teve uma outra situação em que à noite, saí de carro "caçando" e vi outra loirosa ne frente do carro, baixei o vidro, e ela colocou a cabeça para dentro do carro e disse: - Travestiii! Daí, eu falei a famosa frase minha: - Então sai daquiiii!!! Não que eu seja preconceituoso, mas sinceramente não faz a minha cabeça!! Veja bem até onde ia meu azar.



Em julho de cada ano há a Expojipa, feira de agronegócios aqui em Ji-Paraná-RO. Lá fui eu. Lá está cheio de mulherada, não é possível que não consiga ninguém! Andei por tudo lá, tinha menino que quando eu cheguei estava só, e quando saí estava com namorada, mas eu não consegui ninguém, não, vi o show do Daniel sozinho, havia até mulher com mulher, dançando as duas bem juntinho, mas nem me olhavam, e quando eu chegava elas saíam. Então fui a umas casas onde haviam um bailes, lá por perto, entrei e vi uma moça muito bonita, cheguei, perguntei se estava acompanhada, ela me disse que não, pensei é hoje que eu consigo alguém! Então perguntei se queria dançar comigo, mas ela me negou. Ela estava sentada, num ambiente em que quando se vai é para dançar, então pergunto por que será ela não quis dançar comigo?


Bem, dali há pouco, chegou um senhor, com roupas bem sujas, mascando chiclete, foi até ela, se curvou, pois ela estava sentada, falou qualquer bosta para ela, e deu um beijo em sua boca, e aí cuspiu literalmente o chiclete na boca da moça que depois começou a mascá-lo também! Vi então que o mundo estava perdido e eu jamais iria ter alguém. Ao sair dali, vi duas moças, com muito custo consegui dar carona para elas, pois é, muitas mulheres pedem carona aos homens, eu corria atrás oferecendo carona e nem assim elas aceitavam. Mas depois de muito implorar consegui, deixei elas onde queriam ficar, e consegui finalmente marcar uma saída para dois dias após.


Na época tinha  jogo da seleção brasileira, mas nem isso eu queria saber, só queria saber do tal encontro, tomei banho, me perfumei todo e fui para lá, quando cheguei, ela veio me dizer que não podia sair pois iria fazer a unha de uma vizinha. Fui embora e nunca mais apareci por lá. Na faculdade da Ulbra quando fazia o curso de Direito, também acontecia isso. Carona nem pensar elas preferiam esperar o ônibus que levava quase uma hora do que ir comigo de carro. Teve uma vez que havia uma moça também muito bonita, que estudava junto comigo na mesma sala, e peguei o telefone dela em uma festa  então ligaria para ela, ela disse tudo bem.


No dia seguinte liguei para ela e tratamos de sair, ela aceitou, isso era para acontecer quando chegássemos a faculdade, quando lá cheguei, nesse dia não haveria aula, somente uma palestra mas devíamos assinar a folha de presença. Estava eu assinando, quendo ela apareceu, daí me aproximei dela vamos? Ela me respondeu: - Não! E foi para a palestra, sentou-se na minha frente com outro colega de aula, ela ficava se esfregando literalmente nele, e ele nada, mas que paspalho hein? Então vi uma outra colega, também bonita, e falei que a palestra estava um pouco chata e perguntei se ela não queria sair comigo, tomar um sorvete etc. A resposta já podia adivinhar: - Não! Então posso te dar carona? - Pode! Então fui ao banheiro e quando voltei nunca mais vi a menina até hoje!


A coisa ficou tão difícil que resolvi colocar anúncio no Jornal Folha de Rondônia, aluguei uma caixa postal etc, investi. Recebi umas 04 ou 05 cartas, no anuncio eu dizia que somente responderia cartas com fotos, só para vocês ter uma idéia, tinha uma tão pobrezinha que tirou xerox da foto, pois não tinha dinheiro para mandar revelar.  Percebo que a solidão e a rejeição são primas irmãs. Me sentia solitário e rejeitado. Mas Deus é maravilhoso e perfeito, e na sua infinita bondade, cansou de me ver implorando, pedindo, chorando, depressivo, e antes que eu pudesse escrever para algumas dessas pretendentes, ele me deu minha atual esposa, uma benção de Deus. Mas essa história revelarei em outra postagem.  Até a próxima.

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