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segunda-feira, 2 de abril de 2012

O QUE ESTÁ RUIM, PODE FICAR PIOR!!



É incrível, mas a lei de Murphy funciona mesmo. Não existe estudos para comprovar cientificamente essa lei, contudo que ela existe, disso ninguém duvida. Em sua máxima está: 

"Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior
maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível".






Não sei por que minha mãe antes de morrer quis ser cremada, virar cinzas. Pelo que sei, ela nunca leu nada sobre a prática milenar dos Hindus, na Índia, que ao morrer são cremados e suas cinzas jogadas no Rio Ganjes. Vi essa prática agora realizada pelo Chico Anísio, onde metade de suas cinzas tinham que ser jogadas no Projac, da Rede Globo e outra parte levada para sua cidade natal em Maranguape-CE. Veja se a moda pega!





Num determinado tempo todos que morrerem querer que suas cinzas sejam jogadas aqui ou ali. E se bater um vento forte? Espalhará toda a cinza. Quem nunca já entrou naqueles cemitérios que não tem catacumba, quando éramos criança, e onde se notava haver um montinho de terra, e quando pisávamos sem querer em um montinho daqueles, já lhe gritavam que você está pisando sobre alguém que estava ali enterrado! Agora imaginem se estiver passeando lá pela Globo, no Projac, e houver um vento mais forte, e quando chegar em casa ao retirar o seu sapato, você perceber que parte do Chico Anysio você levou para sua casa? O que fazer?





Mas voltando ao assunto, isso até agora foi fichinha perto do que irei lhes relatar. Como última vontade de minha mãe, e eu sendo um bom filho durante toda a sua vida, inclusive estando ao seu lado perto dos últimos dias com vida, resolvi cumprir o seu pedido. Mas ao contrário de Chico Anysio ela nunca me disse onde queria que fosse jogada suas cinzas. 





Após a cremação, decidi colocar as cinzas, em uma urna pequena a qual carregaria por toda a minha vida. Nunca questionei se isso seria bom ou ruim, se deveria deixar tudo isso para lá e enterrar ela do modo convencional mesmo, mas e se a história de vir puxar o pé quando estiver dormindo for verdadeira por não ter atendido a sua última vontade? Bem, por vias das dúvidas, de lá para cá, tenho dormido sempre de luz acessa, além de ter retirado do quarto, um espelho que ficava virado para a janela. Parece que resolve o problema. 





Logo me passaram aquela urna de madeira com as cinzas de minha mãe. Aquilo era uma relíquia muito valiosa para mim. Era a urna, o móvel mais precioso de minha casa. Ninguém chegava perto. E eu tinha minha mãe outra vez comigo para sempre, e o que era melhor na minha sala. Podia assistir TV e ao mesmo tempo ter a minha mãe por perto, ou melhor, as cinzas de minha mãe, mas para mim é minha mãe mesmo e ponto final. 




Contratei uma empregada. Minha esposa me disse que ela era de confiança, que precisava de emprego, coisa e tal. Na primeira vista não gostei muito da empregada, pois suas mãos eram muito enrugadas e eu sou muito chato para comer algo feito pelas mãos feias de outras pessoas. Mas não tinha escolha, pois minha filha estuda o dia inteiro, e minha esposa além de trabalhar também estuda e por isso não tendo mais tempo para cuidar da casa, veio a necessidade de se contratar uma empregada. 



Quando fui apresentado à empregada, lhe disse os seus direitos, e também os seus deveres, e mais, disse-lhe que aquela urna, que se encontrava em cima da estante, onde fica a televisão, guarda as cinzas de minha mãe, e que era para ela ter o máximo cuidado ao mexer ali, aliás, nem era para mexer, eu mesmo limparia aquele local. Ela disse que entendeu a mensagem e já foi trabalhar. Na outra manhã saímos todos para o trabalho e colégio, enquanto chegava a empregada de nome Ana Mosca, isso mesmo, Mosca de moscão! 





Liguei para casa perto do meio-dia, perguntando se o almoço já estava pronto, ao passo que ela me respondeu que sim. Peguei minha esposa, no serviço dela, a minha filha no colégio e rumei para casa. Chegando em casa, para meu espanto, o almoço ainda não estava pronto, a mesa não estava posta, enfim, nada estava onde deveria estar, e mais, a cachorra tinha mijado na sala, pois a empregada não tinha fechado a porta para impedir o ingresso da cachorra dentro de casa. Daí eu já gritei: - Limpa isso aqui agora imediatamente! - Já estava quase me dando um chilique!





A coitada veio muito apressada, estava de rasteirinha, lisinha embaixo, e escorregou, ela trazia um balde cheio de água e uma vassoura com um pano na ponta, passou por mim como se estivesse esquiando nos Alpes Suíços, e se chocou contra o quê, já viu né, adivinhão, ela se chocou contra a estante. Eu estava um pouco longe da estante, mas vi quando ela balançou e vi quando minha mãe se jogou de lá de cima, ou seja, as cinzas de minha mãe. As pernas da empregada foi uma para cada lado, e então minha mãe se estrebuchou no chão e foi cinza para tudo o que era lado.



Era cinza pela TV, pela estante, pelo sofá, no chão, dentro do balde, até no rosto da empregada tinha cinza de minha mãe. Que pôrra!!! E agora? - Você viu o que fez com a minha mãe? - Não, eu nem conheço ela! - Essa aí que está em cima de você e por tudo, sua retardada! - Devolve a minha mãe!! Então ela foi tirar aquelas cinzas que ficaram nela com um pano molhado! - Com pano molhado não, idiota! - Tu não vês que ela vai ficar toda no pano? - Mas como eu tiro, perguntou ela? - Sei lá, tira com uma pinça, mas não vá perder nenhum pedacinho de minha mãe viu, sua incompetente? 



Seis horas se passaram. Não voltamos para o trabalho nem eu, nem minha esposa e muito menos minha filha retornou para o colégio. Ficamos todos empenhados em resgatar minha mãe, cinza por cinza. Foi um trabalho hercúleo. Ao final, tinha conseguido um pouco menos de meia urna. O que será que estava faltando? Os braços? As pernas? O coração? O fêmur? Quem sabe os bíceps? Nunca mais iria ter a minha mãe completa novamente. Então, finalmente, tomei uma atitude que deveria ter tomado desde o início.



Como já tinha lido algo sobre a cremação dos povos Hindus que jogavam as cinzas de seus entes queridos no rio Ganges, eu decidir de jogar minha mãe, ou o que sobrou dela, no Rio Machado em Ji-Paraná/RO, algo como um pouco mais de 4000 km de distância do local de sua última morada em Porto Alegre-RS. Abri a urna e me despedi de minha mãe, pela última vez. Também joguei a urna no Rio Machado.



Eu ainda estava em cima da ponte que separa a cidade em dois Distritos, enquanto eu via a força das águas levando as cinzas de minha mãe, então, senti um toque em meu ombro, quando me virei um senhor de meia idade, que tinha muito sangue escorrendo por sua cabeça, disse que trabalhava na Secretaria de Meio Ambiente e que eu estava jogando lixo no Rio, pois a urna que agora estava em sua mão, tinha o acertado bem na sua cabeça e causado um corte profundo e que eu estava sendo autuado em flagrante e ele teria que me conduzir até a Delegacia local. 



Fui levado por aquele agente até a delegacia de polícia local, após pagar uma fiança de R$2.000,00 fui liberado para responder o processo em liberdade. Quando chego em casa, uma enfermeira que cuidou de minha mãe até o seu último suspiro, me telefona, de Porto Alegre-RS, perguntando sobre onde está as cinzas de minha mãe, pois ela encontrou um bilhete mal escrito, por minha mãe, de última hora, que caso ela viesse a falecer, que fosse enterrada perto de seus antepassados, mãe, pai etc, sem nada mencionar sobre cremação alguma! 




E agora? Que pôrra! As cinzas estarão indo para o Rio Madeira que é um afluente do Rio Amazonas, o qual vai desaguar no Oceano Atlântico, que também passa lá no Rio Grande do Sul, e com um pouco de sorte, após uma evaporação, algumas cinzas restantes em outra forma de vida, seja, finalmente com a chuva, colocada no lugar onde ela, minha mãe, orientou para que fosse enterrada, em Porto Alegre-RS. 




Isso é o máximo que posso fazer agora, só esperar, e acreditar que isso aconteça, digamos, em um espaço de tempo de uns três anos, por exemplo. A empregada, eu dei as contas. Ela era um Moscão mesmo, até no nome! Essa história trata-se de um relato de ficção, qualquer semelhança com nomes de pessoas, ou lugares, terá sido mera coincidência. Até a próxima postagem!

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