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Estávamos no show dos The Fevers em Lucena-PB. Fomos de taxi. Na volta saímos ainda quase que no meio da apresentação, mas como para mim já tinha ouvido as músicas que eu queria, como Mar de Rosas e Vem me ajudar, estava de bom tamanho. E mais, a tardinha estava chegando e poderia ficar muito escuro para caminhar eu e minha esposa, até onde fica a balsa que separa a praia de Costinha-PB e Cabedelo-PB. Ultrapassamos o pórtico de entrada do Beach Plaza e nos direcionamos à direita rumo à balsa. A Claudia me pergunta se é muito longe. Eu respondo que não.
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Que fica pertinho etc e tal. Porém quando eu olho na direção de Cabedelo-PB pude notar que não era assim tão pertinho como eu supunha. Ficava aproximadamente mais ou menos uns 4 a 5 kms de onde nós estávamos. Eu caminho rápido, a Claudia tem asma, e sente muita falta de ar, então já pude pressentir que iria ter problemas. Mesmo que eu fosse sozinho, pela distância, chegaria já de noite na balsa. Mas fomos assim mesmo. Não tinha para onde correr. A caminhada já tinha rendido quase 40 minutos quando na passagem por uma casa, perguntei para uma mocinha se ali passava algum ônibus naquele horário. E, como para esses momentos, a resposta já é esperada, ela me disse que não sabia dos horários de ônibus, mas que não havia ponto fixo, que o ônibus pegaria em qualquer lugar, caso, lógico, se ele por ali passasse.
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Claudia me olhou e seguimos mesmo assim. Então, comecei a ter as minhas idéias. Vamos parar naquela pousada, Claudia. Disse para minha esposa. Ali a moça pode chamar um taxi que também não passa por aqui, ou então podemos conseguir uma carona com algum hóspede que vá para o lado da balsa. Está bem. Respondeu ela. Lá fomos nós. Entramos na pousada, e perguntamos por um taxi para a mocinha que estava na recepção. Ela nos disse que não tinha taxi não. Que o ônibus passaria dali há mais ou menos 01h e seria o último. Já passava das 17h. E que não tinha nem um hóspede saindo para a balsa. Nos aconselhou para esperar o ônibus. Agradeci os bons préstimos e convoquei a Claudia para a retomada da nossa caminhada.
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Na frente havia uma van bem grande. Um homem e uma mulher somente se encaminhavam para ela. Pensei posso pedir uma carona. Mas ao entrar na van eles tomaram o rumo contrário ao que nós queria. Então, falei para a Claudia, enquanto caminhávamos que nas vezes em que pedi carona, eu nunca tinha ficado à pé. Sempre fui muito abençoado nesse particular. Ela, resmungou e disse que só nos daria carona quem fosse bandido ou bêbado. Bandido para nos fazer algum mal e bêbado por não estar na sua sã consciência. Comecei a pedir carona. Fazia aquele sinal característico com a mão direita.
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Os carros estavam passando por nós, alguns nem nos olhava, outros até buzinavam pensando que nós estavamos acenando para eles. A Claudia disse que eles tinha medo de ns dar carona. Passavam apenas duas pessoas dentro de alguns carros, ou seja, espaço havia de sobra, mas se negavam a parar para nos dar carona. Mas depois que a gente começa a pedir carona não para mais. Eu estava com a camisa do Ji-Paraná Futebol Clube. Então começava a dizer: - Ei, queremos carona até a balsa, somos de Rondônia, mas somos do bem! A Claudia não queria mais nada. Por nós passou dois daqueles meninos da igreja de Testemunha de Jeová, e eu disse amigo ninguém quer nos dar carona só porque somos de Ji-Paraná/RO, isso é discriminação. E eles acharam graça e se foram.
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O difícil é começar a pedir carona, depois que começa é continuar até conseguir. Então, de repente para um automóvel, que sinceramente não me lembro a marca, só sei que era um tipo de monza quatro porta ou coisa parecida. O carro vinha muito devagarzinho e parou. Perguntei se o rapaz ia até a balsa. Ele fez sinal que sim com a cabeça. A Claudia entrou atrás e eu na frente. - Muito obrigado moço! Disse olhando para o nosso salvador. Mas para meu pavor, o cara não estava em sua sã consciência. Os olhos bem vermelhos, com aquele olhar de parado, sem esboçar nenhum sentimento. Mas de qualquer sorte ele vinha de vagarinho e assim continuou, bem devagarinho mas é claro, mais rápido que se estivéssemos ido a pé.
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Então, ele não andou nem 500m e parou para outras duas moças. - Entra aí que eu levo vocês o homem disse. As moças estavam com medo. Daí eu disse que também era caroneiro e que estávamos no mesmo barco. Então, o homem falou que conhecia uma das moças. E, para minha segurança, uma das moças também confirmou que conhecia aquele homem, e as duas subiram no carro lá atrás com a Claudia. Então, o homem retomou a viagem. Reclamou que havia uma moto mal estacionada quase no meiro da rua e desviou-a. Depois começou a me dizer: - Pergunte para ela se ela me conhece! A moça sem deixar eu perguntar já respondeu. Não sei se ele não percebeu e novamente disse: - Pergunte para ela se ela me conhece! Daí eu pergunti. A moça novamente confirmou. Mas ele estava fisurado nessa pergunta e insistiu: - Pergunte para ela se ela me conhece!
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Daí eu, além de perguntar se ela conhecia aquele homem, que confirmasse sem piedade se realmente o conhecia. Foi uma risada só. É claro que eu estava com medo de sofrer algum acidente. Talvez tenha sido muito imprudente de minha parte pegar uma carona com alguém bêbado no volante, ou que pelo menos aparentava estar bêbado. E se ele era assim daquele jeito? Ficaria muito ofendido se o chamasse de bêbado! Para minha alegria estávamos chegando na praia de Costinha-PB. Havia uma fila enorme de carros esperando para passar na balsa, bem antes de uma curva. Até chegar à balsa levaria com certeza mais de hora.
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Então, à medida que o carro diminuía velocidade e ia parando já ia abrindo a minha porta e disse para aquele homem: - Olha amigo aqui já esta bom, vou descer. As gurias lá de trás desceram. Perguntei para ele quanto custava aquela viagem, ele não me quis cobrar nada. Então, peguei a mão dele e beijei como se faz com a mão do Papa, agradeci, e o abencoei dizendo para ficar com Deus. Ele finalmente sorriu mostrando aceitar meus agradecimentos. Bem, saímos rápido dali. As duas moças confirmaram que ele, o nosso salavador, morava ali mesmo nas imediações da balsa, em Cabedelo-PB, o que fez com que eu não me preocupasse, pois já estava chegando em casa. O pior já havia passado, mas ele dirigia com muita prudência.
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Para minha outra surpresa, começamos a passar à pé por aqueles babacas que não nos deram carona lá atrás. Passamos todos eles. Pagamos o ingresso para a balsa e já estava encerrando a entrada, fomos os últimos daquela viagem. Bem, depois já na balsa, nos encontramos com as duas moças. Trocamos figurinhas. Uma se apresentou como Elizete e então, eu perguntei se tinha facebook, ela disse que sim, então dei meu cartão para que me adicionasse. Então, ela me disse que quando fosse me adicionar que perguntaria se você me conhece, em alusão àquelas insistências do nosso salvador. Rimos. Beleza. Esse é um tipo de amizade que começa real e depois se torna virtual, como em alguns casos em que começa virtual e depois se torna real.
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Elas, nos levaram até o ponto de ônibus mais próximo. Nos despedimos. Pegamos um ônibus, descemos na integração do Bessa, pegamos outro e descemos no shopping Manaíra. Havia ainda um tal de Fest Verão mas eu estava muito cansado de tanto pular e tanto caminhar. Do shopping fomos para casa. Foi um dia muito movimentado e abençoado. Depois adicionei Elizete a meus amigos no face. Obrigado Senhor Jesus por nos mandar uma carona tão abençoada como aquela. Pedimos Senhor para proteger aquele homem que nos deu carona. Até a próxima postagem! Texto digitado por Ana Claudia.